Wednesday, February 27, 2008

strange loops

Bezoar é uma palavra de origem persa.
É a designação geral atribuída a pedras que se formam no interior de animais.
Dizia-se que um bezoar era a cura para todos os venenos.
O fascinante na pedra é inverter a aparente ordem natural. São os seres vivos quem nasce do mundo mineral e não o contrário.
Estranhamente, para o bezoar o nosso corpo é o mesmo lar inorgânico que são para nós as grandes lages.

Quero construir uma casa com bezoares para depois viver dentro dela.

Friday, February 22, 2008

um físico teórico explica por que gosta do que faz

I'm a theoretical physicist (...) what I've come to realize is that the best part of what I do is collaborating with remarkably creative people. Understanding the tiny tweaks and unexpected transitions in the universe's evolution requires prodigious amounts of rigor, originality and personality. It reminds me of the ingredients for a good jazz ensemble. (...) Long threads of conversation can be based on a poorly understood assumption, just to see where the idea will lead us. We improvise and strike out in different directions, following whichever note sounds most promising. (...) We hear both bravura solo performances and wrong notes. But ultimately, there comes a singular moment when the right chord of an elegant solution reveals itself (...).

Nick Halmagyi, in Seed magazine

Sunday, February 17, 2008

a taxonomia da mente

Muitas vezes considero-me anarquista, mas fascinam-me as regras, as leis. Penso que é isso que me leva à ciência. A necessidade de classificar, de pôr as coisas em compartimentos do modo mais verdadeiro possível. (Para depois, no fim, podermos descobrir matematicamente que essas caixas não existem.)
Isto é algo que também me parece muito relevante nas neurociências, especificamente. Uma taxonomia das ideias. Nesta nossa época, os pensamentos, instintos e emoções (cá está uma série de classificações provavelmente mal feitas) vão sofrer um tratamento semelhante ao dado a animais e plantas pelos "naturalistas" do iluminismo.

Wednesday, February 13, 2008

a perfeição

Tenho provado vinhos para desenvolver o gosto, tenho aprendido música para exercitar o ouvido, tenho jogado xadrez para aprimorar o intelecto e tenho feito flexões para aumentar os peitorais.
Continuo constipado.

Tuesday, February 12, 2008

sono

A certa altura em "Morte a Crédito" de Céline, o protagonista afirma que só escreve porque tem insónias.

Quanto a mim, ainda não escrevo a sério apenas porque durmo demais.

Sunday, February 3, 2008

dentro/fora

Os meus vizinhos têm um tapete junto à porta que diz "Welcome".
Normalmente, essa inscrição está virada para fora de maneira que quem entre em casa deles a possa ler e sentir-se cumprimentado.
Mas ontem o tapete estava virado ao contrário. Agora é o mundo quem saúda os meus vizinhos quando saem de casa, o que talvez seja bem mais necessário.